Raramente utilizado, quase desconhecido até às alterações recentes no Vaticano, o termo “relativismo” assenta como uma “luva” quanto a mim, para definir o momento do radioamadorismo nacional.
O relativismo é uma consequência do comodismo, palavras que representam a forma e o conteúdo como a maioria dos radioamadores enfrentam e se posicionam perante o nosso hoby em Portugal.
Em pleno século vinte e um é para a maioria dos radioamadores, normal e sem interesse o panorama do movimento associativo e das associações de radioamadores, bem como o seu relacionamento com a sociedade civil.
Eu como radioamador, dirigente associativo e ser integrante da sociedade portuguesa, acho preocupante o contexto actual.
Por erros do passado pagamos ainda hoje a “factura”, materializada no comodismo, na desunião e desinteresse corporativo, entre os radioamadores.
Estranhamente e impavidamente repetem-se vertiginosamente, os mesmos erros auto-destrutivos.
Os radioamadores na sua maioria continuam ausentes na prestação de serviço em prol da sua associação e do radioamadorismo, mas opostamente activos: uns na crítica, outros na destabilização e outros na desacreditação do hoby como actividade lúdica e de interesse científico e cultural.
Sobressai neste panorama e é de louvar, o trabalho das associações portuguesas de radioamadores, que na sua àrea de implementação, têm suportado os interesses materiais e técnicos dos radioamadores.
Sem o empenho e dedicação de alguns radioamadores e das associações que surgiram com a conquista do direito ao livre associativismo, qual seria hoje o panorama do radioamadorismo em Portugal?
Infelizmente as Associações estão na sua maioria desunidas, e sem representatividade de classe.
Cómodamente aceita-se esta realidade!
Aguardo na expectativa de que surja mais uma iniciativa (já me ofereci para colaborar) de convergir vontades, ideias e intenções na unicidade de uma Representação Nacional das Associações de Radioamadores e que essa iniciativa não seja de imediato boicotada pelas habituais “razões” de aqueles que se julgam, com a autoridade para subjugar as associações de radioamadores aos seus interesses corporativos.
No momento os governantes e as instituições sobre a sua égide (excluindo a ANACOM na pessoa dos actuais responsáveis pela área dos radioamadores), menosprezam e ignoram as nossas capacidades humanas, técnicas e de intervenção.
Exemplo disso é o trabalho iniciado em 2002 com o SNBPC e que infelizmente parece ter sido “ferido de morte” com o final do Euro 2004 e a saída do Eng. Hélder Silva do SNBPC.
Não há contactos ou notícias!
Aguardo desde Dezembro 2004 resposta a uma carta e posteriormente a um fax, aonde a ARAL questiona o Presidente do SNBPC sobre o Plano Nacional de Comunicações de Emergência por Radioamadores e o Estatuto do Radioamador Voluntário.
Fala-se em alterações, mudanças!.... será ao ostracismo a que nos votaram?
Contrapondo esta actualidade, são exemplares as raras parcerias locais entre Associações de Radioamadores, Centros Distritais de Operações de Socorro e Serviços Municipais de Protecção Civil e seus Coordenadores.
Direi e dirão, que fácil é usar a crítica e não apresentar soluções!
Recentemente o CT1ETL e o CT1EAT insurgiram-se contra o comodismo (relativismo) instalado e deram conhecimento das suas propostas visando o futuro.
Li com atenção a proposta do CT1ETL, proposta esta que eu considero muito bem formada e construída.
Li com atenção a proposta do CT1EAT, com a qual respeitosamente apresento a discordância em relação à sua complexidade “nos meios propostos para atingir os objectivos”, mas que considero muito útil ao debate de ideias e à formação de consensos.
Pessoalmente, penso que:
Antes de discutir a estrutura e o “conteúdo” da entidade representativa, não é quanto a mim, imperativo discutir o nome técnico ou entidade jurídica da instituição a formar.
A nossa (daqueles que pretenderem) representante deverá ser uma instituição simples e democrática nos seus valores. Respeitará a origem e valores de cada instituição que a integra, bem como de todas as outras associações nacionais.
Chamar-se-à o que o consenso definir, mas terá como objectivo a representação dos interesses e desejos, de todos os seus apoiantes e constituintes.
O seu suporte será as Associações de Radioamadores!
A sua estrutura organizativa e representativa, será eleita ou assumida de forma rotativa, entre as associações constituintes.
A sua liquidez financeira será suportada pelos radioamadores sócios das associações integrantes, através da canalização de parte da sua quotização anual.
Esta instituição será a representante nacional, dos que pretendam ser representados por ela, permitindo a adesão e representação interna, daqueles que não são nem querem ser sócios de nenhuma associação, mas entendem delegar a sua representatividade.
O problema da representatividade internacional, quanto a mim não se coloca, nem é objectivo!
Confio e acredito que todos teremos a ganhar com uma instituição representativa das Associações de Radioamadores!
Tenho a certeza de que se nada fizermos a curto ou médio prazo, se continuamos “trilhando os caminhos do relativismo” o futuro do radioamadorismo em Portugal, não se me augura muito próspero e fácil, perante as “barreiras” que se vão erguendo e dos interesses que aguardam a oportunidade de usurpar os direitos e o “espaço” dos radioamadores!
Está provado que o português esforça-se quando tem de mostrar a outros países como ele é bom.
Acho pessoalmente que seria bom para os portugueses e para os espanhóis, que houvesse uma REP/URE, mas com novo nome, MAS SEM NADA TER A HAVER À REP. Porquê? Por causa da herança genética da REP que a condena.
Decerto a URE daria mais se fosse ibérica, e a "União de Radioamadores de Portugal" daria mais "ao litro" se tivesse de mostrar o que vale em termos ibéricos, igualmente.
Não acham assim que seria bom haver a "União Ibérica de Radioamadores", ou "Unión Iberica de Radioaficcionados"? É a única saída que vejo para a coisa, além de abrir os nossos parcos horizontes.