COLEGAS RADIOAMADORES, TEMOS DE ESTAR UNIDOS, E TEMOS DE TRABALHAR:
A administração central e local do Estado português, depois da criação do Plano Nacional de Emergência (PNE) e do Plano Nacional de Telecomunicações de Emergência (PNTE), nunca souberam, nem regulamentar, nem colocar e manter em funcionamento (mesmo que parcial) a incorporação e o treino técnico e funcional dos recursos humanos, destinados aos agentes voluntários da protecção civil. Portugal não dispõe de agentes voluntários de defesa civil activos.
Infelizmente, as telecomunicações de emergência, estão hoje em Portugal, entre aquelas medidas que nunca foram, nem tomadas, nem sequer exercitadas, como meios de comunicação alternativos e prioritários em situações de calamidade.
Neste contexto, a comunidade cívica, composta por cidadãos portugueses, tecnicamente qualificados, como amadores e profissionais, nas áreas das telecomunicações, designadamente das radiocomunicações, electrónica e informática, decidem na cidade de Leiria, no dia 24 de Setembro de 2003, cerca de 10 anos depois da criação do PNE e do PNTE, criarem uma rede voluntária, denominada por Rede Amadora de Radiocomunicações de Emergência – ARES, com o propósito de servirem, local e regionalmente como voluntários, entre os diversos agentes protecção civil, definidos e reconhecidos pelo Plano Nacional de Emergência.
Situação nacional e enquadramento Ibérico
Dado que em Portugal, nos últimos 10 anos, os sucessivos serviços de protecção civil, e o ministério da Administração Interna, nunca conseguiram implementar, nem meios técnicos, nem recursos humanos voluntários, cabalmente integrados, identificados e treinados, como agentes de protecção civil, para as telecomunicações de emergência. Impõe-se esta medida preventiva levada a cabo pelos Radioamadores, por um conjunto de cidadãos nacionais, integrados em diversas Associações de Amadores de Rádio, registadas junto da Autoridade Nacional das Comunicações.
No contexto Ibérico, e de acordo com os dados estatísticos obtidos das acções mais relevantes, onde estão acumuladas sucessivas experiências e dados, que permitem afirmar que em casos de emergência não existem situações iguais e que as necessidades para as radiocomunicações, em cada uma delas, mudam de perfil e forma de actuação.
Embora a experiência portuguesa, não nos permita retirar dados objectivos, porque não está devidamente caracterizada pelos serviços nacionais da protecção civil, em virtude de ainda não existirem estruturas capazes de os exercerem. Quando em Portugal, a experiência nacional, é transportada pela memória colectiva daqueles que nela intervieram no decorrer das múltiplas situações desde a guerra colonial, ao dramático processo da descolonização portuguesa em África, e ainda da ocupação da Índia, e de algumas recentes ocorrências, em espacial na regiões autónomas.
Felizmente que, para nós portugueses, nestes espaços mais recentes, dos últimos 50 anos, não correram calamidades de maior impacto. Embora algumas delas, tivessem sempre deixado as marcas do drama e do desespero humano que não tem preço, e são sempre, por menores que sejam, um drama pessoal e colectivo a lamentar e não repetir. É justo nessa adversidade, que chamamos a nós, o grito de alertar, contra a sistemática incompetência das forças governativas, que desleixam, e ignoram, as consecutivas realidades das gentes do povo. Porque somos povo, com o povo vivemos, queremos tomar a iniciativa de organizar meios, que são nossos, mas que desde logo deixamos, com este alerta, ao serviço voluntário e gratuito daqueles, que tenham a consciência e o dever de governar para defesa e bem estar, do país, nas suas diferentes partes territoriais, tomadas como um todo nacional, a que chamamos Portugal.
Com maior ou menor timidez, devemos alicerçar estas acções humanitárias, mesmo que baseadas noutros modelos europeus, mesmo que agora, mergulhados na crise, estejamos como sempre estivemos, pobres e menos disponíveis em meios, e recursos financeiros. Temos pois, o dever cívico e humano, de saber priorizar e elevar valores fundamentais, criando as estruturas mínimas que nos permitam viver em harmonia. Sejamos pois capazes de retomar atitudes de nacionalismo, e de prevenção, para a defesa e protecção civil de todos.
Infelizmente, o nosso país, dispõe de inúmeras pessoas, que são profissionais, são pagas pela administração central e local, estão todos os dias do ano útil de trabalho, dedicados as estes assuntos estruturais. Mas em seguida verificamos que, em 10 longos anos, ainda não vimos, salvo uns tímidos exercícios pontuais, sem expressão de estrutura e desígnio nacional ou regional, serem essas pessoas, capazes de renovar e de criar aquilo que ambicionamos obter, as competências as capacidades técnicas e estruturais, a cultura de poder intervir e saber executar bem, e rápido, nos momentos de imperativo.
Não somos, nem desejamos ser pagos para o exercício cívico do nosso voluntariado.
Mas exigimos ser escutados, e apoiados, para que sejam cabalmente criados os meios complementares daquilo que queremos e temos para disponibilizar junto das autarquias e da administração central do Estado, nomeadamente, junto do novo, do recente Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil. Somos 5.500 cidadãos nacionais, esperamos que pelo menos 10% destes portugueses, saibam e queiram ser voluntários e agentes de protecção civil, na área das comunicações de emergência.
Tal como a rede ARES, se formou em Setembro de 2003, baseada em radioamadores associados em pequenas núcleos associativos, dispersos por várias áreas do país, dado que entendemos que não seria legítimo esperar mais pela iniciativa das administrações do Estado, sejam elas locais, regionais ou nacional. Estamos conscientes, que com os nossos meios pessoais, dos equipamentos que possuímos, dos quais pagamos impostos, são suficientes e capazes bastantes, para serem utilizados para o bem comum e em defesa de interesses nacionais.
Uma rede de comunicações de emergência, uma rede voluntária de protecção e até de defesa civil, depende sempre do trabalho de todos os agentes. Depende de uma avaliação sistemática, do treino que atrás falámos, pois só esses determinam, as necessidades das radiocomunicações em cada caso, que permitam à protecção civil, e aos serviços de apoio, bombeiros, forças da ordem e defesa, organismos humanitários, e cidadãos, inclusive as populações, de serem mais eficazes nas suas actuações.
É isto que a rede ARES quer ajudar a construir em Portugal, foi para isto que diversos Radioamadores portugueses, alguns dirigentes associtaivos se juntaram, por inicitaiva própria, e sem esperarem mais pela protecção civil, para darem a essa mesma protecção, ou à entidade que a dirige em Portugal, uma mais valia e um grito de alerta civilizacional.
Para isso estaremos, sempre disponíveis. Pelo rigor e competência, pelo voluntariado e sentido de incitava, pela coesão e solidariedade. Chega de jogos políticos.